Em campo, o eleitor desanimado

Lula, com 31% de rejeição entra em confronto com Jair Bolsonaro, com 32%. Marina Silva e Ciro Gomes são rejeitados por 18% dos eleitores

por Maurício Dias, Carta Capital -

 Rejeição em alta, votos brancos e nulos aos magotes, a perspectiva do próximo pleito mostra um Brasil desesperançado

Enterradas as esperanças no futebol, após a queda da Seleção Canarinho diante do canário-belga, chegou a vez de o brasileiro entrar em campo para tentar organizar a própria cabeça e avaliar Michel Temer diante do retumbante fracasso do governo dele, nascido de um golpe do qual participou. 

A eleição para a Presidência da República está próxima, a menos de 90 dias. Apontam as pesquisas para uma fuga do eleitor, ou da política, que, em pouco menos de um ano, manteve praticamente no mesmo ponto a corrida pelos resultados. Vive-se no campo de futebol e na economia há um marasmo incômodo.

 Até agora, parte dos 140 milhões de eleitores deixou um buraco nas respostas das pesquisas. Em outubro de 2017, respondeu-se à pergunta sobre o voto espontâneo. Os pesquisadores colheram o seguinte resultado: a soma dos que disseram não saber, ou então não responderam, alcançou 23%. Brancos e nulos atingiram 30%


A sondagem mais recente do Ibope, no fim de junho, aponta um número ainda maior sobre a decisão incômoda dos eleitores. A resposta à pergunta espontânea, sem que sejam apresentados os nomes dos candidatos, foi maior do que há um ano. Brancos e nulos alcançam 39% e o não sabe e não respondeu foi a 25%. Somados, chegam a 63%.

Repulsa à política, repulsa ao candidato. A pesquisa do Ibope medida pela resposta estimulada (tabela) deixa clara a rejeição aos políticos. Parte da pesquisa, incluindo somente os candidatos mais competitivos, são eles os mais rejeitados.

Lula, depois de quatro eleições e dois governos, preparado para mais um, embora improvável, em 2018, melhorou a imagem diante dos eleitores. Com 31% de rejeição entra em confronto com Jair Bolsonaro, com 32%. Marina Silva e Ciro Gomes são rejeitados por 18% dos eleitores. Ambos vêm de duas disputas presidenciais malsucedidas.

Caso a história terminasse aqui, a sociedade estaria diante de um impasse. Ainda não se falou da abstenção, sempre uma possível decisão do eleitor. A abstenção, embora ameaçadora, é protegida pelos votos colhidos na boca da urna, hoje eletrônica. O desânimo da sociedade ainda não chegou a esse ponto. 

Mas é preciso aguardar o possível impacto do fiasco da Seleção na Copa do Mundo. A ele se somam a previsão da queda do PIB, o aumento dos juros, o aumento do custo de vida e do desemprego, entre outros fatores. São preciosas oferendas de Temer à sociedade.

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