Até quando o Judiciário brasileiro vai fingir interesse pela justiça?

Rosa Weber e Cármen Lúcia

por Carlos Fernandes, DCM

Com a posse de Rosa Weber na presidência do TSE nesta terça (14) e de Dias Toffoli no STF a acontecer no dia 13 de setembro, estará concluída mais uma rodada na dança das cadeiras do judiciário brasileiro.

Ao contrário do que alguém poderia supor frente ao que normalmente representa novas gestões nos mais altos escalões do poder, de novidade as mudanças não trazem nada.

É bem verdade que o mundo do direito sempre ganha quando alguém como Cármen Lúcia finalmente encerra um mandato de pura politicagem durante todo o tempo em que usufruiu do poder e das benesses de presidir a mais alta corte do país.

Mas o fato é que o seu sucessor não dá sinais de que, por mais sutil que seja, permitirá que novos ares possam tornar mais respiráveis a densa fuligem de hipocrisia que tomou conta de um ambiente que se tornou um dos principais fiadores de nossa ruína institucional.

Prova disso é o silêncio ensurdecedor dos senhores ministros frente às inacreditáveis declarações do diretor geral da PF, Rogério Galloro, e os consequentes disse-me-disse dos desembargadores do TRF-4 sobre a novela mexicana que se transformou a soltura de Lula naquele domingo de 8 de julho.

Thompson Flores e Gebran Neto mostraram que a justiça, a depender do paciente, é um remédio muito pior do que a doença.

Já é um absurdo descomunal que tudo isso ocorra sob os aplausos de uma parcela da sociedade que não possui capacidade cognitiva para perceber o mal que representa um sistema judicial engajado na luta partidária.

Que o Supremo Tribunal Federal avalize com a sua omissão tamanha afronta aos princípios constitucionais, inclusive com a escandalosa participação da chefe do Ministério Público, é a desmoralização definitiva do que um dia já foi chamado de estado democrático de direito.

E é nesse faz-de-contas que Rosa Weber assume um TSE tomado por interesses políticos já coalhados pela militância de seus antecessores, gente ninguém menos do que Luiz Fux e Gilmar Mendes.

Assistem inertes o segundo colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro, dar amostras que para poder se candidatar no Brasil você pode até possuir funcionários fantasmas, apoio popular, jamais.

É difícil identificar qual situação é pior nesse verdadeiro estado de exceção a que fomos submetidos. Mas uma coisa é certa, o cinismo com que o poder judiciário finge se interessar pela justiça, só vem para deixar claro o quanto eles nos desprezam.

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