Entrevista de Ciro ao JN deu saudades de Brizola


por Fernando Brito, Tijolaço -

Grosseiras, prepotentes, mal-criadas, as intervenções de William Bonner na primeira das entrevistas da Globo com os candidatos à Presidência nada tem a ver com “independência jornalística”.

As críticas de Ciro Gomes aos abusos judiciais foram tratadas como uma heresia, na base do argumento de que “o povo apóia a Lava Jato” e, por isso, os desbordamentos do Judiciário e do MP se justificariam.

O “dono da verdade” global pontificava e Ciro, jeitoso, procurava manter suas posições com um discurso educado que não lhe fez vergonha, ao contrário.

Eu, confesso, senti falta do velho Brizola ali, para “enquadrar” o Globoy.

“Mas Bônner, como você diz que a voz da Glôbo é a voz do povo? Vocês tiveram um mandato divino para dizer isto? Até nestas pesquisas, que você sabe que eu vejo de sobrancelha levantada, o tal do Sérgio Moro é mais reprovado que aprovado? Está aqui, no  Estadão, eu trouxe o recôrte pra te mostrar: ele é aprovado por menos gente do que aqueles que o reprovam justamente dos seus abusos…”.

Acho que Brizola, nas agressões que Ciro recebeu por seu projeto de livrar mais de 60 milhões de brasileiros do “nome sujo” no SPC também não perderia a oportunidade de questionar como a Globo sumiu com seu processo de sonegação fiscal até que surgisse uma chande de, sem as multas que mereceria, parcelar a perder de vista seus débitos com a Receita Federal.

Não desfaço do comportamento de Ciro e compreendo perfeitamente bem que ele tinha razões para não confirmar a fama de “pavio curto”  que tem.

Mas que foi uma enorme oportunidade de reduzir a pó a arrogância de Bonner. A moça, a tal Renata Vasconcellos – na minha impressão até constrangida pelo desempenho do “chefe” –  não mereceria confrontação, mas ele pediu para ser desancado.

Ciro, que não perdeu, deixou de lado a chance de ganhar.

Teve a chance de apontar a Globo como autora do quadro de crise em que vive o Brasil e de mostrar-se o insubmisso que sei que é.

Algum bem, porém, fez: o de obrigar Bonner a nível de violência verbal semelhante com os demais candidatos, o que tem sido a tônica destas entrevistas desde 2014.

Notícia ruim (ou boa) para  o ex-capitão Jair Bolsonaro, dependendo de como reaja.

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